Recebi a sua carta, carta amável, generosa.
Como já o Assis lhe disse, gostei mtº, mtº, da capa. É um trabalho feito com garra: -- mesmo sem alusão às garras do tigre...
E porque falei na capa, agradeço-lhe a oferta: -- oferta que eu desejo seja apenas uma moratória aos problemáticos fundos da empresa...
Se você num momento de melancolia tiver desejo de escrever, escreva-me sobre o Algarve, as suas praias, os seus caminhos. Eu amo tanto a província que vivo nela por imaginação, vivo-a por impressões alheias, quando, como agora, não a posso viver por impressões próprias.
Telefonei neste momento ao Assis, para saber se ele desejava transmitir-lhe qualquer coisa. Tinha ido almoçar. Paciência. Sei, porém, que brevemente ele lhe enviará ou as provas ou o original da novela. Sei, também, que ele, como eu, está-lhe grato por suas gentilezas.
Abrace, Rob.º Nobre, o seu amigo dedicado
JM Ferr de Castro
Lisboa 19/9/922
P.S. Propositadamente deixo para o Post Scriptum o assunto do Lab.º Ainda não foi possível arrecadar-lhe aquelesmíseros 50$00. Eu não me descuido. Não é por si: -- é por mim... Abraços do Frias. JMF
Bis-P.S. -- Se você vir o Dias Sancho diga-lhe que [com] respeito à matéria da sua última carta estamos quase de acordo. Que a carta era mtº interessante.
Abusando dos pedidos, o Frias diz-me aqui ao lado, que você deve puxar as orelhas ao Lyster, filho, porque até hoje ele ainda não lhe escreveu. Isto se você o encontrar, é lógico...
JMF
Ferreira de Castro / Roberto Nobre, Correspondência (1922-1969), Lisboa, Editorial Notícias e Câmara Municipal de Sintra, 1994
editor: Ricardo António Alves
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