Lisboa, 5 de Fevereiro de 1949
Exm.º Sr. Dr. José de Magalhães Godinho:
Acuso a recepção da carta de V. Ex.ª, datada de ontem, à qual tenho a responder o seguinte:
1.º -- A entrevista a que V. Ex.ª se refere não foi redigida por mim. Na conversa que tive com o representante da ANI pediu-me este que desse um panorama das correntes da oposição; ao tentáculo, quando me referi à cisão do Partido Socialista, pronunciei efectivamente o seu nome e de outras pessoas que, segundo me constava por informações diversas, representavam a tendência da SPIO. Não é minha responsabilidade directa, portanto, a investidura de V. Ex.ª na chefia desse sector socialista ou a sua designação como pessoa mais representativa dele.
2.º -- Em qualquer hipótese nunca me passou pela cabeça que o dizer-se, de mais a mais neste período, que A ou B pertence a uma facção possa ser considerado uma denúncia, tratando-se ainda por cima de quem nunca escondeu as suas, aliás respeitáveis, convicções oposicionistas.
3.º -- Agradeço os esclarecimentos que me dá sobre a sua posição ideológica e de bom grado rectificarei a informação constante da minha entrevista acerca da sua simpatia acerca da sua simpatia pela colaboração com os comunistas.
À semelhança de V. Ex.ª, reservo-me o direito de fazer desta carta o uso que entender conveniente e sou,
de V. Ex.ª, com a devida consideração.
nota - resposta a esta carta. In José Magalhães Godinho, Pela Liberdade, Lisboa, Publicações Alfa, 1990
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