quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

1888: Oliveira Martins a Luciano Cordeiro


Meu querido Luciano

Vibrei, certamente, vibrei todo o dia ontem, lendo a sua primorosa obra. V. fez um milagre. Não queria escrever-lhe agradecendo-lhe o seu livro antes de o ler, e não o fiz logo porque o tinha emprestado ao Moniz Barreto para ele escrever o artigo que lhe pedi e V. já leu, decerto.
 O Repórter cumpriu o seu dever.
 O livro das Cartas que V. fez é verdadeiramente definitivo, não há nada mais a dizer.
V. esgotou a erudição e a crítica: não há que rebuscar nem que observar mais.
Está definido o caso patológico (?) e determinado o concurso de circunstâncias que se deu.
Receba pois V., meu querido Luciano, os meus mais cordiais parabéns e creia-me sempre -- Seu velho amigo, de uma amizade sempre moça.

Oliveira Martins





in Sóror Mariana Alcoforado, Cartas de Amor ao Cavaleiro de Chamilly, Porto, Editora Ausência

edição de Luciano Cordeiro [1888]


Nota - Oliveira Martins (1845-1890), director de O Repórter, agradece, com os maiores encómios, a Luciano Cordeiro (1844-1900), o envio de Sóror Mariana, a Freira Portuguesa (1888). Esta é a primeira de quatro cartas de homens públicos enviadas a Cordeiro, que sustentava tratar-se as Lettres Portugaises do punho de Mariana Alcoforado, o que continua a ser controverso.






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