Chamaram a minha atenção para um artigo publicado no «Notícias de Chaves», onde Aquilino Ribeiro e eu somos acusados de termos agredido, em romances nossos, o concelho de Montalegre.
Creio que se trata de dois fortes equívocos. Que eu saiba, o grande Aquilino nunca escreveu livro algum sobre aquela região e, no meu romance «Terra Fria», pratiquei um acto de solidariedade humana com o povo de Barroso, então completamente abandonado ao seu destino. Uma solidariedade que me exigiu alguns sacrifícios, diga-se sobriamente de passagem.
E assim me parece que só quem não souber ler ou não souber compreender a intencionalidade do que lê poderá tomar como agressão uma obra de profundo amor pelo nosso semelhante.
Como este não é o caso do articulista*, penso que as suas palavras são consequência duma leitura apressada. De todas as maneiras, considero-as injustas e se ele tiver ainda alguma dúvida, que leia o prefácio da edição especial da «Terra Fria», publicada em 1966.
Julgo, aliás, e outras pessoas julgam também, inclusive categorizados transmontanos,, que o meu romance, sobretudo por haver sido publicado com ilustrações em rodapés de «O Século», antes de sair em livros, contribuiu para algum progresso que se tenha dado desde essa época, numa terra de tão belos aspectos e num povo boníssimo, que bem mereciam melhor sorte e que os detentores do poder pareciam ignorar inteiramente.
Com antecipados agradecimentos pela publicação desta carta, envio-lhe, sr. director, as minhas saudações corsiais.
E assim me parece que só quem não souber ler ou não souber compreender a intencionalidade do que lê poderá tomar como agressão uma obra de profundo amor pelo nosso semelhante.
Como este não é o caso do articulista*, penso que as suas palavras são consequência duma leitura apressada. De todas as maneiras, considero-as injustas e se ele tiver ainda alguma dúvida, que leia o prefácio da edição especial da «Terra Fria», publicada em 1966.
Julgo, aliás, e outras pessoas julgam também, inclusive categorizados transmontanos,, que o meu romance, sobretudo por haver sido publicado com ilustrações em rodapés de «O Século», antes de sair em livros, contribuiu para algum progresso que se tenha dado desde essa época, numa terra de tão belos aspectos e num povo boníssimo, que bem mereciam melhor sorte e que os detentores do poder pareciam ignorar inteiramente.
Com antecipados agradecimentos pela publicação desta carta, envio-lhe, sr. director, as minhas saudações corsiais.
in Barroso da Fonte, Diálogo com Ferreira de Castro -- A Propósito do Romance Terra Fria, Braga, Editora Pax, 1973.
Nota - Parece que causou controvérsia a questão do adultério da protagonista de Terra Fria (1934) na então longínqua Padornelos. Ao contrário do que pode parecer, a paciência de Castro foi infinita, em face dos pundonores (provincianos) desgravados.
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